Story by Leila Cobo
Conversar com Raphael Sparrow é um dos meus trabalhos favoritos. Já tive a honra de poder acompanhar duas capas anteriores dele e acabar me aproximando do lusitano, passando a fazer parte do seu círculo íntimo de amizades. Quando eu souber que queriam que ele fosse novamente capa, automaticamente eu, sorrateiramente lhe mandei mensagem, dando a dica que eu queria mais uma vez poder contar a sua história atual, e perceber em que estágio ele estava neste momento. Sparrow, para quem ainda não ouviu falar, é um cantor de origem luso-brasileira que se fixou em Londres ainda bastante novo, com 21 anos. Alcançando sucesso internacional, hoje, aos 32 anos, ele acumula 5 discos editados, milhões de cópias vendidas e duas tours mundiais. Apesar de alguma modéstia por sua parte e um perfil um pouco mais low, Raphael Nunca saiu totalmente dos holofotes, ou da indústria, assim por dizer.
Após uma pausa, onde o mesmo refere que esteve trabalhando pelos bastidores e se recuperando, em 2019 ele nos entregou uma amostra do que seria o seu próximo trabalho: a faixa pop com elementos trap e uma influência flamenca enorme - Conception. Lhe garantindo um hit que alcançou o número #1 da Hot 100, estava tudo já delineado. Se passou um ano e em 2020, o Capitão - como ele próprio se chama, nome dado pelos fãs - tomou a indústria e se tornou um dos principais nomes do ano. Com o quinto album, o The Art Of Love, o Mediterrâneo canta com toda a beleza da música oriunda da península ibérica, Brasil e mais moderna, sobre uma relação que falhou e entre as 13 faixas conhecidas, não fica certo se realmente as coisas funcionaram ou não.
O certo é que os frutos vieram e com algumas platinas acumuladas na era, um disco que debutou e primeiro lugar na parada e uma indicação a Album of The Year pela academia de música, ou mais conhecida, Grammys, posso afirmar, como fã do artista e da pessoa, Sparrow está no seu melhor momento. Como sempre, ele faz questão de ser entrevistado em casa, uma modesta construção de arquitetura moderna em Hidden Hills, feita a seu gosto e medida, em todos os mais possíveis detalhes. Como referi, meu objetivo era ter mais uma conversa informal e poder saber como ele está.
Porque apesar de agora termos o último single - Tension, capítulo retirado da Versão deluxe lançada do disco -, o cantor terminou a sua Tour mundial onde levou um show extremamente colorido e vivo, cantando sobre a história nova que ele apresentou ao mundo e também resgatando suas músicas mais antigas. "Foi um processo incrível poder voltar a estrada e encontrar tanta gente, rever amigos de outros países, fãs que já me seguem a tanto tempo, os novos que chegaram agora com o meu novo trabalho, foi bastante gratificante. Sabe, eu sempre tive um certo receio de fazer tour porque me sinto um pouco sufocado em toda a ideia de montar, coreografar, estrutura, ensaio, palco, mas sei que é preciso e.. no fundo, o retorno que temos todas as noites de ver aquela legião de gente em nossa frente é surreal, você sabe, você já fez backstages meus algumas vezes."
Sim, já o fiz. Sparrow consegue acumular milhares de pessoas em uma só Arena e as dominar por duas horas de show, fazendo um autêntico espetáculo que eu não sei definir: juntando os elementos da mais elaborada tournée pop, com um simplismo e improviso que só o lusitano entrega, o seu carisma invade casa pessoa, bem como seu sorriso e extrema calma e hunildade. "Eu nunca sonhei que tudo isso fosse possível, sim, queria minha casa e meu milhão no bolso, mas... Conseguir crescer tanto e chegar a este ponto e saber que ainda tenho muito mais por alcançar é algo que mexe com o nosso interior e com a maneira como enxergamos o mundo. Eu tento sempre, cada vez mais, devolver a comunidade aquilo que me é dado todos os dias, de maneira constante e sei que talvez nunca vou ser capaz de retribuir o tanto quanto eu queria, mas se eu fizer pelo menos uma pessoa feliz por dia, me sinto realizado."
Em meio de caridade, investimentos em trabalhos mais reservados que o próprio faz questão de não dar a cara pois "não preciso de provar nada a ninguém", Sparrow é engajado na moda e na publicidade. Tendo servido já de cara para várias marcas como Pepsi, Amazon, Nike e Starbucks, ele cada vez mais é arrojado e brinca com a moda, não tendo medo de arriscar. "Sabe, eu tinha bastante aquela ideia de ser um padrão de moda masculina, nunca ia para fora muito do básico e mantinha aquela postura. Quando lancei meu penúltimo Trabalho, o Rearranged, eu me arrisquei nas cores e brinquei e me senti bem e assim tenho feito nesta nova etapa. Se for preciso pintar, a gente pinta o cabelo. Vamos usar roupa colorida? Bora. É pra usar uma lace porque eu me arrependi de ter raspado demais a cabeça? Ótimo. Cada vez mais me vejo como um veículo para poder dar essa voz de independencia e quebra de preconceitos, porque tudo é normal, Ninguém tem que ser a mesma coisa."
Estando na corrida para aquilo que seria seu maior prêmio ganho até a data presente, Raphael Sparrow continua encantando milhares de pessoas ao redor do mundo, com sua arte, visão e personalidade. Encerrando sua era com o mais recente single, Tension, capítulo onde ele assume toda a culpa de ter estragado a relação perfeita, vemos um Raphael mais denso emocionalmente, mas que neste momento, apesar de se expressar de maneira mais escura na vertente artística, está num lugar feliz e colorido. "Tenho minha casa, meus cachorros, meus amigos, minha gravadora que é uma família, Samantha está do meu lado, minha arte está sendo compreendida.. eu não poderia estar mais feliz"
Raphael wears: Dior, Nike, Versace, Louis Vuitton. Shot at MAPS Studio in Miami. Photographer Alexandra Cavillet.