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VOGUE JUNE 2020 | Raphael Sparrow



Tudo ficou marcado para uma sexta feira a noite no apartamento que Raphael Sparrow possuiu no Upper East Side, em Manhattan, sendo este um dos imóveis que ele tem em seu nome ao redor do mundo: um casa na cidade cidade natal, em Portugal; um apartamento em Londres e uma propriedade em Los Ángeles. Estés Investimentos todos foram feitos ao longo dos anos e como maneira de manter património, uma das táticas pra poder destribuir a fortuna feita ao longo dos anos. E já lá vão quase 10 anos de carreira, desde um jovem polémico fazendo música pop e cantando sobre ser um Rebelde, passando por reabilitação e um álbum cheio de polémicas e regressando em 2015 com aquilo que ele considera seu melhor projecto, Body Talk. O lusitano, ou Capitão (como ele se denomina em todas suas redes sociais), sempre teve uma carreira de altos e baixos e mesmo se mantendo nós holofotes da indústria, já em outro momento desabafou que não se considerava um A-List, um artista de peso.


Eu quero começar com uma pergunta, duas aliás. Body Talk ainda é o seu melhor trabalho? Eita! Começamos logo assim, de caras? Tudo bem... Não, não é. Eu sinto que The Art of Love se tornou o meu trabalho favorito. Todo o conceito que ele tem, as letras, o processo criativo, a produção. Foi uma etapa na minha carreira que eu abracei e me joguei e tudo veio se encaixando sem forçar nada e essa foi a melhor parte, a naturalidade com que ele surgiu e a maneira orgânica como eu encontrei a identidade dele, me me mantendo fiel a mim e aquilo que entrego todos estes anos. E você acha que agora tem qualidade para se considerar um A-List? Outra pergunta bem agressiva (risos). Eu achava isso? Não me recordo de dizer tal idiotice, mas se falei, tá falado. O que vai para a internet fica para sempre, então... Não, eu não penso mais assim. Eu fui crescendo nesta indústria e não sou mais propriamente um garotinho que estava fazendo a música que lhe entregavam. Fui criando amizades, ligações e me tornando cada vez mais independente das amarras daquilo que esperam de mim e decidi que simplesmente tinha que fazer aquilo que me dava vontade. O retorno ia vir e tanto está vindo, eu me sinto mais feliz do que nunca.


Nós ouvimos o CD acompanhados de uma garrafa de vinho na sala do cantor. Ele estava bem a vontade, descalço e com aquilo que chamamos de roupa de andar em casa. O odor era um misto de mediterrâneo com Yves Saint Laurent, Y, para ser mais certo.




O que fez você se expressar desta maneira com este trabalho? O que me fez? Coragem. Sem dúvidas que a coragem de fazer a sonoridade que sempre quis fazer, já faz anos, mas nunca havia surgido um momento certo para tal. Quando lancei Conception foi meio que um teste de mercado, queria ver como seria a aceitação das pessoas ao me verem num registro tão diferente daquilo que, em primeiro, é popular a nível mundial e em segundo, eu entrego desde que comecei. A recepção foi muito calorosa e eu então senti que era o sinal que eu precisava para poder seguir em frente. Se bem que, pensando bem, se fosse morna, eu provavelmente iria seguir o mesmo caminho. Não vejo a história deste disco contada com outra energia, outro flow se não tendo essa carga que as guitarras, os ritmos, a nostalgia que ele exala. A quem você dedica este CD? (risos) Não tente, eu sei o que você quer saber. Esta é uma história de amor como muitas que existem por aí, é uma história que começou do nada, sem nenhuma das partes esperar ser certo e tudo se desenvolveu, aconteceram acidentes e erros mas teve um final feliz. O CD funciona como um livro com capítulos z daí o nome das canções. E a última faixa, aí sim sou eu a 100%, abrindo meu coração para os meus fãs que sempre me deram amor e sinceridade, eu merecia entregar isso também. O CD é deles agora, eles são livres de fazerem tudo que quiserem com ele. Samantha está incluída nessa dedicatória? Claro que sim. Sabe, eu e Sam já nos conhecemos há anos, trabalhamos juntos quando ambos estávamos começando nesta indústria. Entretanto cada um foi seguindo seu caminho, pessoal e artistico e quando regressei as coisas pareciam diferentes. Simplesmente fluíram, sabe? Nós aproximamos porque estávamos gravando no mesmo estúdio, eu a convidei para fugir um pouco depois. Mas ela quem fez o primeiro movimento, ela quem me beijou primeiro (risos). É o que mais amo nela, ela é muito autónoma e faz aquilo que quer sem medo, adoro isso de verdade. E agora que o disco já não é seu, o que esperar? Bastante coisa, sinceramente, estou bem animado para como as coisas estão surgindo. Vou continuar desenvolvendo o disco e ver até onde ele me vai levar, quem sabe voltar a estrada, desde meu último CD que não viajo o mundo. Pelo menos não a trabalho. Ter entrado para a Royal foi uma honra enorme, eles me abriram os braços de uma maneira muito especial, acreditando de verdade em todas minhas visões e vontades. Toda a parte artística é basicamente deles, enquanto continuo com minha família da Sony que ajuda na distribuição e alguma gestão, mas acaba sendo um trabalho 70/30. Também, se não fosse a Royal eu basicamente estaria desempregado. (risos)




Então Control tem algo haver com a gravadora? Porque ela não encaixa em nada com a proposta que você entregou e está acompanhado de outros Artistas da gravadora. Sim, pode e dizer que sim. Nós acabamos construído uma família, vivemos sempre na casa de alguém, produzindo, compondo. Nosso patrão nos faz cumprir agenda e pelo menos uma vez por dia temos que passar na sede, ver todo mundo, criar um ambiente bem familiar e de união. Isso me faz identificar muito com a... Mensagem que eles querem passar, é bem bacana. Eu sempre achei interessante também sua ligação com a moda, sempre bastante ousado e sem receios e aberto a novos estilos, qual a importância dela na sua arte? É um complemento, sem dúvidas. Moda é algo diretamente ligada ao mundo em que nos, que queremos ser estes artistas de escala mundial. E pensando bem, não só, só através dela é que criamos um visual na mente do público, uma marca e identidade e sem isso nós seríamos apenas mais um. Mas eu tenho me sentido muito mais ousado. Pro CD tive o prazer de trabalhar com a Dior, em todas as peças, foi ótimo a maneira como eles me entregaram toda a visão da marca numa repaginada, mais urban, foi um risco também para eles. Fazer arte em isso, se arriscar, e se todos entram nesse jogo, todos ganham. Isso é crucial para quem quer vingar. Isto é um negócio em que nenhuma das partes pode perder, porque se mdenr merda, a corda vai arrebentar pro lado mais fraco, então... É bem necessário dialogar, chocar ideias e conceitos e tudo dá certo. Se pudesse até esse era o conselho que eu dava a qualquer pessoa que queira entrar no mundo do entretenimento. É difícil, muita porta na cara mas, quando se chega lá, é incrível.




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